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O GLOBO - Informática Etc.
Carlos Alberto Teixeira

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Artigo: 634 / Publicação: 2005-12-05

EU SKYPO, TU SKYPAS, ELE SKYPA...

Faz tempo que não uso telefone convencional para chamados interurbanos ou, muito menos, internacionais. É Skype direto, virou até verbo, pronunciado "scaipar (skypar)". Com uma amiga que mora em Moscou, por exemplo, combino por email: "Olha, vou dar uma saída agora mas de noite te skypo, combinado?"... e depois o papo rola durante horas. É impressionante como o Skype emplacou. E agora, com essa versão 2.0 beta com vídeo, vai arrebentar ainda mais. Aqui na maquineta costumavam entrar automaticamente no startup do Windows o MSN Messenger e o Google Talk. Mas ficaram meio sem uso e já tirei do automático, ficou só o Skype mesmo. Há tempos comprei meu primeiro pacotinho de 10 euros para usar SkypeOut, aquele que permite ligar do seu computador para um telefone fixo ou celular. Mas ainda não gastei nem a metade do saldo. E olha que tenho papeado adoidado, pondo as conversas em dia com amigos do mundo inteiro. Diga-me a leitora se não é um conforto danado não se preocupar mais com horários de tarifação reduzida, método de Karlsson acrescido, pulso único, distância geodésica, nem nada daquelas coisas que oneravam nossa conta telefônica. Pague sua banda larga e seja feliz.

Conversa à distância com som e vídeo é algo surpreendentemente antigo. No dia 7 de abril de 1927 (vinte e sete mesmo) foi feita a primeira demonstração pública de transmissão telefônica de voz e imagem. Foi no auditório dos laboratórios da AT&T Bell Telephone em Nova York. Em Washington D.C., o então secretário de comércio americano Herbert Hoover foi a cobaia do evento. Sua voz e sua imagem ao vivo foram transmitidas num link com apenas 16 frames por segundo e resolução de 50 linhas, aparecendo do outro lado numa telinha pouco maior do que cinco por seis centímetros, tudo com tecnologia eletromecânica, usando partes móveis. O áudio era bidirecional mas o vídeo só ia de Washington para NY.

Em 1956 a mesma AT&T fez os primeiros testes com o sistema Picturephone, que permitia vídeo bidirecional. Em 1970 a empresa passou a oferecer o serviço Picturephone mediante uma mensalidade de US$ 160. Três anos depois, em dezembro de 1973, a NSC (Network Secure Communications) da ARPANET, a rede precursora da internet, desenvolveu o primeiro projeto de comunicação por voz utilizando rede por comutação de pacotes. Era o NVP (Network Voice Protocol), um protocolo de banda estreita, em tempo real então considerado seguro, de alta qualidade e full-duplex, ou seja, bidirecional.

Vê-se então que voz por IP e vídeo por IP não são novidade, já existem há tempos. O difícil é entender porque dentre tantas ferramentas apenas uma repentinamente cai no gosto popular e vira coqueluche mundial. Talvez tenha a ver com o fato de oferecer a funcionalidade certa no momento certo, com uma interface fácil, sem exigir demais do hardware, sem demandar banda demais e a um preço bom. Se for gratuito, melhor ainda.

Em julho de 1992 Tim Dorcey, da Universidade de Cornell, lançou o CU-SeeMe v0.19 para Macintosh, para transmissão de vídeo sem áudio. Em fevereiro de 1994 saiu a v0.70b1 com áudio, também só para Mac. No ano seguinte saiu a v0.66b1 para Windows. Mas banda larga ainda era raridade e a coisa não decolou.

Também em 1995 a VocalTec lançou o iPhone (não confundir com o atual iPhone da Nuvio), que foi o primeiro voz-sobre-IP que usei. Já se vão dez anos. Foi fascinante conversar pelo computador com um amigo em Jyväskylä, na Finlândia. Mas a linha era discada e o áudio ficava muito picotado.

Em agosto de 1996 a Microsoft lançou o NetMeeting 1.0 sem vídeo, rodando em Windows 95. Quatro meses depois, em dezembro, soltou a v2.0 beta 2, agora sim, com vídeo. Teve muita gente usando NetMeeting em todo canto do mundo, mesmo com as webcameras ainda meio caras. Em pouco tempo, porém, o vídeo doméstico online descambou para a sacanagem e o que mais se via no NetMeeting era gente exibindo online suas genitálias e realizando obscenas performances rebolantes, lambuzadas e fantasiadas.

Também em 1996 surgiu o ICQ, que ocasionou a explosão mundial do "instant messaging", sendo seguido no ano seguinte pelo AIM (AOL Instant Messenger). Em 98 a America On Line comprou a Mirabilis, inventora do ICQ. Apareceram depois o MSN Messenger e o Yahoo! Messenger. Atualmente, quase qualquer um desses programinhas permite conversa de áudio e vídeo, mas quem tá bombando mesmo, inegavelmente, é o nosso querido Skype.

Num futuro não muito distante, quando o computador desaparecer de nossas mesas e se tornar mais um eletrodoméstico comum, talvez miniaturizado e embutido, é possível que precisemos explicar para os mais jovens que no passado existia um aparelho rudimentar chamado telefone.


* Os links de hoje estão em http://catalisando.com/infoetc/20051205.htm

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