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O GLOBO - Informática Etc.
Carlos Alberto Teixeira

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Artigo: 638 / Publicação: 2006-01-30

ESQUIZOFRENIA E SATURAÇÃO

A revista Wired de fevereiro traz duas matérias que poderiam nos levar a crer que a Sony sofre de esquizofrenia. A primeira é intitulada "Rip-Off Artist" e diz o seguinte: "Seu TiVo acaba de encontrar rival à altura no Vaio XL2 da Sony. O Windows Media Center PC tem um tocador de CD com capacidade para 200 discos que, com um único clique, lhe permite 'ripar' este tanto de CDs enquanto você dorme". Como se sabe, "ripar" um CD é converter as faixas de áudio para arquivos MP3 ou WMA, para depois ouvi-los, trocá-los ou oferecê-los para download. Só que esses dois últimos atos são considerados pirataria.

Quanto ao TiVo, trata-se de marca famosa nos EUA, um aparelho DVR (digital video recorder) que funciona como um antigo gravador de videocassete, só que permite gravação de programas de TV num HD interno, podendo assistir depois. Comparar um TiVo ao Vaio XL2 Digital Living System da Sony faz até certo sentido. A XL2, com seu item opcional, o tal "CD/DVD changer" para 200 discos, é um paraíso para a turma que gosta de ripar discos originais com finalidades escusas ou não.

A segunda matéria na Wired teom título "The Rootkit of All Evil". Nela se lê que "o esquema de proteção anti-cópias da Sony BMG confunde a linha que separa um hacker de alguém agindo legalmente". A leitora deve se lembrar de confusão do famigerado "rootkit" que se deu em outubro de 2005 quando a Sony bolou um método de proteção em seus CD que enfiava processos escondidos nos PCs de quem os ouvisse.

Ou seja, a mesma Sony, que pretende impedir que se copiem seus CDs protegidos, anuncia que seu XL2 com 200 CDs/DVDs permite ripá-los com um único clique. Imagine só o que pensaria um júri se a Sony abrisse um processo de pirataria contra um usuário de um Vaio XL2. A própria Sony seria cúmplice do crime. A menos, é claro, que no manual do XL2 viesse escrito em letrinhas bem pequenas que "a utilização deste aparelho pode levar o usuário a ser processado por pirataria, caso ripe CDs originais".


Duas recentes turbulências no mundo dos blogs. A primeira delas foi logo agora início do ano, quando os jornalistas do Washington Times receberam um memorando interno dizendo que: "Qualquer membro do staff que planeje criar ou contribuir regularmente para um blog na internet, website ou qualquer outro sistema de BBS eletrônico, precisará antes solicitar e obter permissão dos editores mais graduados." Os chefões só darão esta autorização se o funcionário concordar por escrito em só atualizar e pesquisar para seu blog particular em horários fora do expediente. Precisa também se comprometer a nele não abordar temas em que esteja trabalhando no jornal. A justificativa da direção é que, em função da existência de máquinas de busca como o Google, um internauta inexperiente poderia confundir as idéias publicadas nos blogs privados com as posturas adotadas pelo jornal, misturando as bolas e prejudicando a empresa.

A segunda confusão foi na semana passada num outro jornal da mesma cidade, o Washington Post. Jim Brady, editor-executivo do Post, decidiu eliminar por prazo indefinido a área de comentários do blog oficial do jornal. Plenamente consciente do imenso valor que tem o feedback dos leitores do blog, a direção se declarou desapontada com a baixaria dos autores dos comentários, que partiam para ataques pessoais, palavreado profano e escrita odiosa. Diante do custo de filtrar e moderar os comentários, preferiram retirar dos leitores a possibilidade de enviar feedback, pelo menos por enquanto. Garantem que continuam cucando alguma forma de reativar os comentários, mas confessam que ainda não têm uma solução final para a questão. Naturalmente, a reação da comunidade de leitores do Post foi enérgica. Uns acusaram a o jornal de ter medo de ser criticado nos comentários. Outros alegaram que não conseguiram encontrar nos comentários nenhuma ocorrência de ataques pessoais, linguajar profano ou mensagens inflamadas. A direção rebateu dizendo que o jornal sempre foi transparente com respeito à área de comentários no blog. Quando ao fato de não terem sido encontrados posts agressivos ou chulos, foi explicado que os moderadores, cumprindo à risca sua função, suprimiram os tais posts que não aderiam às regras estipuladas para os comentários.

Esta decisão do Post gerou um acalorado debate, que foi parar até na PBS, a TV pública americana. Na ocasião, Jeffrey Brown entrevistou Jim Brady e Xeni Jardin, famosa tecno-jornalista e responsável pelo premiado blog Boing Boing. Em tempo, o Washington Post permitia que os leitores postassem comentários anônimos e sem moderação, ou seja, receita certa para o desastre. Não sei qual foi a surpresa de que tenha dado tudo errado.


Os links de hoje estão em http://catalisando.com/infoetc/20060130.htm

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