O GLOBO - Informática Etc.
Carlos Alberto Teixeira
C@T

Armadilhas anti-hacker

Artigo: 567

 Potes de mel, pesquisas e um ciber-vaso sanitário

Publicado em:  2003-05-12
Escrito em:  2003-05-04

 

Um jeito já meio manjado de pegar hackers pouco experientes é o "honeypot" (pote de mel). Trata-se de um site razoavelmente fácil de ser penetrado, preparado como armadilha para atrair invasores. Assim que o malfeitor o penetra, soa um alarme e algumas vezes é possível chegar ao culpado. Num recente artigo no New York Times, Nicholas Thompson nos conta de uma outra armadilha, baseada na mesma idéia dos honeypots. Ela se chama "honeytoken" (token = ficha, sinal) e já tem algumas implementações em operação, sendo uma delas desenvolvida por um ex-oficial do Exército americano, Lance Spitzner, de 32 anos, atual funcionário da Sun Microsystems. Há cerca de quatro anos ele vem tocando o Honeynet Project, uma organização sem fins lucrativos cujo objetivo é monitorar honeypots espalhados pela internet, de modo a conhecer as técnicas empregadas pelos hackers na invasão de sistemas.

A idéia por trás dos honeytokens é simples mas eficaz. Basta inserir algumas informações falsas em bancos de dados reais e depois monitorar o tráfego da rede, identificando estes marcadores e, possivelmente, chegando até o invasor. Por exemplo, um banco poderia inserir vários números falsos de cartão de crédito em seu cadastro e depois ativar um programa fuçador para vigiar qualquer acesso a um desses números.

O termo "honeytoken" foi criado em 21 de fevereiro de 2003 pelo especialista brasileiro em segurança Augusto Paes de Barros, 25 anos, funcionário do BankBoston, em uma de suas mensagens postadas na lista Focus-IDS do SecurityFocus, que trata de segurança de sistemas e detecção de invasões. A mensagem era justamente uma resposta a algumas considerações feitas pelo Lance Spitzner na lista.

A idéia de inserir iscas falsas e monitoráveis no meio de dados reais remonta aos anos 80, numa bolação de Clifford Stoll, astrofísico e gerente de sistemas do Laboratório Nacional Lawrence Berkeley, na Califórnia. Numa interessante caçada ocorrida entre 1986 e 1988, e relatada em seu livro "The Cuckoo's Egg", Clifford enfiou em obscuros diretórios de seu servidor dados falsos sobre uma suposta organização de defesa estratégica de redes digitais. Isso atraiu hackers da antiga Alemanha Oriental, que acabaram presos pelo governo alemão, mas soltos tempos depois.


A Profª Barbara Kaye da Universidade de Tennessee, em Knoxville, está conduzindo uma pesquisa online examinando a motivação das pessoas para acessar weblogs ou, como são mais conhecidos, blogs. O questionário é dividido em duas partes, a primeira com 21 e a segunda com 12 perguntas, mas é tudo em inglês. Se tiver dificuldades com o idioma, use o tradutor online Babelfish, informando o link da pesquisa no campo "Traduza uma página da Web", selecionando "Inglês para Português" e clicando em "Traduzir". A tradução do Babelfish, como se sabe, é meio capenga, mas é melhor do que nada e dá para pegar o espírito da coisa. Ao final da pesquisa, Barbara pede seu email, garantindo que só será usado para fins acadêmicos. Se a leitora não gostar da idéia de fornecer seu endereço eletrônico verdadeiro, invente um. Solicita também que indique o questionário para um ou mais conhecidos, desencadeando um efeito "bola de neve". E se você tiver um blog seu, ela pede que divulgue o link da pesquisa. Além de suas inquestionáveis credenciais, Barbara evoca o nome de Glenn Reynolds, dono do blog Instapundit.com e professor de Direito na mesma universidade, como referência de que a pesquisa é séria. Leva uns 15 minutos para responder a todas as perguntas, a maioria delas de múltipla escolha.


Tem cara de hoax, mas se for, então pegou direitinho boa parte da mídia tecnológica do planeta. Ainda estou meio sem palavras e incrédulo ao relatar que a MSN inglesa vai lançar em junho próximo, no Festival de Glastonbury de artes performáticas contemporâneas, uma cabine-sanitário chamada iLoo (do inglês "Loo", de "portaloo" = toalete). Em resumo, é um gabinete fechado contendo um lavatório e uma privada em que o usuário senta e tem à sua frente um computador para acessar a internet enquanto, bem... você sabe. Desculpem, é isso mesmo: um mau gosto sem precedentes, mas indubitavelmente uma idéia assaz inovadora. O iLoo será dotado de conexão banda larga, teclado sem-fio, tela à prova de respingos, microfone embutido e acesso grátis à MSN e a vários sites parceiros. Será guarnecido (do lado de fora da cabine, espera-se) por um atento segurança, para evitar roubo de hardware, e por um dedicado faxineiro, para manter o local imaculadamente asseado, tudo isso visando a transformar o iLoo em uma das grandes atrações do festival. Coisas da Microsoft...


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