Numa dessas noites de download usando BitTorrent deparei-me com arquivos que tinham extensão "ogg", um formato que já tinha encontrado há anos mas que pensei ter morrido. Na verdade seu nome completo é Ogg Vorbis, um formato de áudio comprimido para som em média/alta qualidade, ou seja, de 8 a 48 kHz, 16+ bit, polifônico. Usa bitrates fixos e variáveis de 16 a 128 kpbs por canal. Isso faz com que o Vorbis entre no clube do MPEG-4 (AAC), sendo similar e melhor que MPEG-1/2 audio layer 3, MPEG-4 audio (TwinVQ), WMA e PAC. Ogg Vorbis nasceu em 1993 mas àquela época era praticamente inviável para os PCs de então -- máquinas 386's e 486's. Com o avanço do hardware, tornou-se possível uma implementação aceitável, com a estupenda vantagem de que é um formato livre, aberto e sem patente. Só em 2000 é que a rapaziada começou a dar mais atenção a ele. Ainda persiste a lembrança do sufoco por que passou a comunidade audiófila em setembro de 1998 diante da decisão do Fraunhofer Institute, a entidade semi-governamental alemã de pesquisa e desenvolvimento que criou o codec de compressão MP3. Na ocasião, eles decidiram cobrar royalties pelo uso de qualquer produto usando tencologia MP3. No final das contas a tentativa gorou e ninguém pagou um centavo sequer, mas o susto motivou a turma a criar algo livre, invulnerável a esses arroubos de ganância. E como o Ogg Vorbis já existia, foi só dar uma arrumada no bicho e levar adiante a idéia. Ogg é o nome de um formato "container" da Xiph.org para áudio, vídeo e meta-dados; e Vorbis é o nome de um esquema específico de compressão de áudio projetado para ser contido no Ogg. O padrão Ogg Vorbis foi bolado para substituir por completo todos os formatos patenteados de áudio, ou seja, você pode codificar todas as suas músicas em formato "OGG" e nunca mais se preocupar. O tamanho e a qualidade sonora de um arquivo OGG superam a concorrência, como se pode ver na página comparativa do site. O formato contempla um método rápido e fácil para editar comentários em texto dentro do próprio arquivo de áudio, permitindo a músicos e artistas divulgar sua obra com facilidade, já contando com a febril divulgação grátis que se dá através dos repositórios P2P na rede. Além disso, vários produtores de games já estão empacotando o áudio dos joguinhos em padrão OGG, tais como Croteam, Crystal Dynamics, EA Games, Epic Games, PopCap Games e Pyrogon. Da mesma forma que nos áudios MP3 e nas imagens JPG, o algoritmo do Vorbis é "lossy", ou seja, alguns dados da forma de onda são descartados para aumentar a taxa de compressão. (Se você precisa de um algoritmo totalmente sem perdas, comprima seu áudio com FLAC.) Diante de tanta maravilha, a leitora poderá ter a brilhante idéia de sair convertendo toda sua coleção de MP3 direto para OGG. Não faça isso. Como o MP3 também é lossy, quando for decodificá-lo de volta para um formato cru, como o WAV, terá como resultado não o som original do CD, mas algo inferior. A forma de onda estará levemente mutilada. Se depois disso você for codificar este WAV em OGG estará partindo de um fonte degradada, o que não resultará num som puro. Se quiser começar sua coleção em OGG, melhor ripar as músicas direto a partir de CD's ou então de arquivos WAV's crus. Se você já andou ouvindo músicas OGG e não gostou, pode ter sido na época em que o pacote estava em beta-teste. O pessoal deu uma severa limpada nos bugs e o resultado hoje é admirável. Basta pegar as versões mais recentes e ser feliz. Está previsto o lançamento de um codec de vídeo na mesma família do Ogg Vorbis, o Theora, mas ele está andando meio devagar, ainda está em versão Alfa 2. Quanto à opção de streaming, já existe um servidor de áudio para tal, o Icecast, ainda em versão Beta 3. E hardware, temos? Sim, já existe uma considerável lista de aparelhos que encaram OGG. Quanto ao software, vá ao site Vorbis e pegue o que quiser. Entre os tocadores de OGG destacam-se: Winamp 2, Winamp 3, foobar2000 e Zinf. Um bom plugin para Winamp é um que achei no Sweb, na República Tcheca. É um zip boboca onde está um arquivo "in_vorbis.dll" que deve ser descompactado no diretório Plugins do Winamp. Para codificar seus WAV's em formato OGG use o encoder/decoder oficial, o Vorbis Tools 1.0.1, que contém oggenc (codificador), ogginfo (mostra informações), vorbiscomment (edita comentários), vcut (corta pedaços) e oggdec (decodificador) -- tudo em linha de comando, padrão DOS. Se preferir programetos mais elegantes e perfumados, visite a página dos softwares de terceiros. Conheça também a revista online Ogg Traffic e, se quiser trocar idéias sobre OGG, visite os newsgroups pertinentes e assine a lista gratuita oggbr no yahoogrupos. Foi divulgada uma das fotografias digitais de maior resolução de que se tem notícia, obtida por Max Lyons através da costura de 196 fotos menores geradas numa câmera de 6 Megapixels. Elas foram tiradas no Bryce Point, um belvedere existente no Parque Nacional Bryce Canyon no estado de Utah, EUA. A imagem final tem 40.784 x 26.800 pixels, perfazendo 1.093.011.200 pixels, ou seja, pouco mais que 1 Gigapixel. Não há notícia de uma imagem digital não-científica que tenha semelhante resolução, sem usar truques baixos como escalar uma imagem de menor resolução até este tamanho final ou fazer interpolação de imagens. Esta impressionante foto está gravada no formato RGB Tiff com compressão "deflate" e ocupa pouco mais de 2 Gigabytes. Ela tem 100 vezes mais detalhes do que a resolução máxima do olho humano médio em condições ideais, para imagens formadas no centro da retina. Examinando a imagem digital, é possível observar detalhes que seriam difíceis ou mesmo impossíveis de notar mesmo por um observador usando binóculos no local. Para costurar as fotos, Max usou o complicado mas poderosíssimo software PTAssembler, além do Panorama Tools e do Photoshop no processo de acabamento. Visite o site oficial do Max e, já que estamos aqui, conheça também o Tambaware, berço do PTAssembler e de outros ótimos softwares, todos freeware.

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